Meditação na educação
Acredito que qualquer instituição de ensino seja infantários, creches, escolas básicas e secundárias, deva ter programas pedagógicos extracurriculares para ensinar aos seus alunos, os princípios básicos da meditação. Acredito nos valores e na capacidade que esta ferramenta possa ajudar como prevenção para as crianças potenciarem os seus talentos. É uma prática perfeitamente saudavel e cada vez mais as escolas portuguesas têm aderido a esta ferramenta. A meditação desenvolve capacidades como a motivação, a concentração, a auto-confiança, o equilíbrio e serenidade emocional, em formas mais felizes de estar e relacionar-se numa expressão mais consciente das suas próprias emoções, um maior respeito uns pelos outros, uma comunicação mais assertiva e menos defensiva ou automática, uma forma de estar menos agressiva, ansiosa ou agitada. É uma pratica que não apresenta resultados de um dia para outro, nem resolve os problemas de forma imediata, por isso é preciso uma aprendizagem estruturada e contínua com acompanhamento dos seus encarregados de educação e/ou professores.
Existe várias técnicas e exercícios para a meditação e hoje vou falar de uma que, para mim é extremamente importante, a técnica do Mindfulness: Consciência Plena. É uma técnica de concentração, um estado mental de controle sobre a capacidade de se concentrar nas experiências, actividades e sensações do presente. Para atingir este estado, o individuo deve concentrar-se, durante um determinado de tempo num determinado objecto ou nas nossas próprias reacções do corpo como por exemplo, a respiração, nos batimentos cardíacos ou nas nossas próprias sensações.
O Mindfulness pode ser praticado, sentado ou deitado e silencioso ou mantendo-se concentrado no momento presente durante alguma tarefa quotidiana como por exemplo, lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banho, almoçar/jantar, etc. Habitualmente, a prática da meditação com foco na respiração ou na análise corporal é importante para aprender a sustentar a atenção e a tomar consciência do momento presente onde oferece a vantagem de promover a disciplina necessária para a aquisição de tais habilidades o que envolve sensações, pensamentos, sons, etc.
Tive a experiência de praticar esta técnica com a professora Daniela Marto, que agradeço imenso, onde nos ensinou a meditar seguindo os princípios do mindfulness. Deu-nos um exercício para que pudéssemos reflectir sobre as nossas emoções e com isso desafiou-nos educadamente para que descrevêssemos, seja em palavras, imagens ou símbolos, de forma pessoal e individual, o que cada emoção significava para nós, conforme podem verificar na imagem abaixo:
Depois de descrever as nossas emoções, aplicamos as técnicas de mindfulness onde a concentração foi e deve ser de modo pleno, aberto e sem qualquer julgamento sobre as sensações observadas. A ideia desta técnica é “viver o momento presente”.
Este exercício é excelente para que se tome consciência das capacidades emocionais e como geri-las da melhor forma nos mais variados ambientes. É útil para que a criança cresça a saber distinguir e compreender cada emoção que por sua vez, desenvolve a empatia, a compaixão e a sua integridade pessoal.
Na neuropsicologia a meditação é vista como um "instrumento" útil e melhora muitos aspectos cognitivos como a memória, a concentração, o raciocínio, a imaginação, o pensamento, a linguagem, etc. Estudos mostraram que ela pode activar certas áreas cerebrais, como aquelas relacionadas ao bem-estar. Isso se deve à plasticidade do cérebro; isto é, ele possui a capacidade de desenvolver novas ligações, na medida em que é estimulado. A meditação é um desses estímulos e, de acordo com o tempo e regularidade da prática, os efeitos cerebrais/físicos/comportamentais podem ser ampliados. Alguns estudos demonstram alterações neurofisiológicas específicas quando a pessoa está meditando, como a redução do consumo do oxigénio, o que indica, por consequência, uma diminuição do metabolismo. A conclusão é de que a prática propicia um padrão de hipometabolismo basal, apesar do estado de alerta em que a mente se encontra. Outra descoberta consiste na verificação de que a prática meditativa associou-se à activação do córtex pré-frontal esquerdo, o qual está relacionado a afectos positivos e a maior resiliência. Esta prática passou a ser objecto de estudo na medicina psicoterapêutica e na psicologia comportamental como parte de uma serie de programas para a redução do stress, pois nos dias de hoje vivemos numa correria infernal e meditar é um caminho de bem estar. É uma pratica essencial para aprendermos a “correr” com qualidade e sabedoria. As pesquisas provam a sua eficácia e como prática milenar não faz parte de modismos passageiros. Não há nenhuma contra indicação. Portanto, experimente e ensine aos mais novos.