Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
No ramo da neuropsicologia e das neuro-ciencias, cada vez mais estuda-se as funções cerebrais em relação ao comportamento humano e como os hemisférios principais do cérebro trabalham entre si. Como sou curioso na área e tenho vindo a frequentar workshops e formações para aperfeiçoar o meu conhecimento em relação à nossa mente, venho falar um pouco daquilo que ando a aprender e daquilo que ando a descobrir.
O cérebro é dividido em dois grandes hemisférios principais, que estão ligados por um conjunto de fibras neurais a que damos o nome de corpo caloso. Para explicar isto de uma forma simples, os dois hemisférios parecem ser imagens reflectidas um do outro, mas com os progressos que tem-se vindo a fazer nesta área, estudos recentes encontraram algumas diferenças nas funções dos hemisférios esquerdo e direito.
Ao contrário do que se imagina, o hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo, enquanto o hemisfério direito controla o lado esquerdo. Alem disso, os dois hemisférios tendem a especializar-se em alguns aspectos da função cognitiva nomeadamente das capacidades de memória, linguagem, concentração e percepção. Para a maioria das pessoas, o hemisfério esquerdo é responsável pelas capacidades linguísticas, análise de cálculos matemáticos e análise musical que por sua vez é direcionada aos mais pequenos detalhes, como por exemplo a análise de um objecto, de um texto ou de uma música, enquanto o hemisfério direito assume o papel principal no processamento da informação visual e espacial onde sintetiza as informações em conjuntos multifacetados e significativos. Por outras palavras, o hemisfério direito tem melhores qualidades em recolher informações mais subjectivas, isto é, tem a função de organizar e reconhecer ambientes amplos onde é possível ver a paisagem toda enquanto o hemisfério esquerdo está mais focado em aspectos mais detalhistas como as flores, os prédios etc. No entanto, graças às ligações que ocorrem no corpo caloso, os dois hemisférios colaboram constantemente, até nas atividades mais simples do dia-a-dia.
Decidi criar uma rubrica sobre os mitos e verdades do nosso cérebro. Pretendo com esta rubrica informar os meus leitores sobre o funcionamento do cerebro e a sua biologia.
Será que utlizamos só 10% do cérebro? Já ouviram certamente muitas pessoas a dizer que só utilizamos 10% do nosso cérebro e tanto a comunicação social como as redes sociais afirmam tal veredito. Mas, será que é verdade? Eu passo a explicar:
Um cérebro humano normal possui vários trilhiões de células. Entre essas células estão talvez 100 bilhões de neurónios, células que enviam mensagens umas às outras através de impulsos elétricos (dentro dos próprios neurónios) e substâncias químicas conhecidas como neuro-transmissores que formam as chamadas sinápses. Ainda existem neurónios que ficam em excesso chamados de neuróglias que nutrem e protegem os neurónios. Pelo menos 1 bilhão dessas neuróglias são astrocitos que têm formato de estrela e que parecem ser tão importantes quanto os neurónios na codificação e retenção de informações dos nossos cérebros.
Qualquer neurónio pode ter centenas ou mesmo milhares de ligações sinápticas com outros neurónios. E os astrocitos são quimicamente inter-ligados com os seus vizinhos e com os neurónios próximos. Posto isto, as nossas células cerebrais têm inúmeras funções e inter-ligações, umas com as outras. Advinha-se que que essas inter-ligações estão na casa dos quadrilhões ou até mesmo nos quintilhões.
Porém, não se surpreenda pelo facto de saber que o processo de aprendizagem ou do próprio pensamento é praticamente minúsculo nas nossas vidas comparado com o que acontece dentro dos nossos cerebros e da nossa mente. Mesmo uma única palavra é espalhado e distribuído nas várias partes do cérebro. Dado a mente do cérebro, inter-ligada, é inconcebívél que 90% do cérebro de qualquer pessoa, ou mesmo uma pequena fração esteja sem nunhuma função por realizar.
Existe um maior número de empresas que nas suas entrevistas pedem um requisito que vai em conta ao nosso desenvolvimento pessoal e que cada vez mais valorizam as nossas competências inter-pessoais. Estou a falar da capacidade de ter auto-consciência emocional. Para explicar o conceito desta aptidão, vou contar experiências que me ocorreram para tentarem compreenderem o que é, e porque ela é tão importante nos dias de hoje.
Certo dia estava em casa a trabalhar num projecto muito ambicioso e estava concentradissimo na tarefa que me tinha proposto. Quando me tinha ocorrido uma ideia fulminante naqueles segundos, a minha mãe entra me pelo quarto a dentro a perguntar se eu tinha lavado a louça que tinha deixado por lavar. Senti um ardor pelo corpo, pois tinha a perfeita noção que a minha mãe entrou numa altura um pouco pertinente e que fizera-me esquecer sobre a ideia para o qual eu estava a trabalhar. Senti me frustadissimo por ter me esquecido mas confiei na minha intuição e fui lavar a louça com esperança que pudesse me lembrar da ideia. Comecei por fazer uma auto-avaliação em mim mesmo, andei às voltas nos meus pensamentos, a questionar sobre o meu trabalho e a imaginar todos os meus passos que tinha feito, até que, a meio de limpar um prato, lembro-me da tal ideia. A minha intuição tinha razão, pensei eu. Depois de terminar de arrumar a louça voltei para o meu projecto. Tinha-me dado uma auto-confiança, um orgulho para continuar o meu projecto pois tinha a sensação que conseguia fazer melhor com a boa disposição que o tal feito me tinha dado. Uma energia capaz de me motivar e acreditar nos meus sonhos.
Mas, à uns anos atrás, eu considerava-me um aprendizado pela vida. Lembro-me perfeitamente, era agressivo e trapalhão a lidar com as tarefas e tinha bastantes impulsos sem se quer questionar-me ou ter a consciência do que estava a fazer. A energia do momento vinha e eu agia de acordo com o que eu sentia. Era incontrolável perante o stress que acumulava e prejudicava as relações à minha volta. Para compreender porque tinha tais atitudes, tentei analisar o que fazia face aos meus estados de humor e sabia que havia um desiquilíbrio emocional. Eu nao estava bem comigo proprio e tinha problemas em lidar com isso. Na altura, quanto mais pensava nestas dúvidas, mais dores de cabeça tinha, por isso deixei de ter o foco nestas questões e começei a concentrar-me em ter pensamentos positivos e viver as experiências do presente, sem ter que me consumir às crises existenciais.
Um dia, enquanto estava na cama a tentar dormir e chateado porque tinha de acordar cedo, por breves segundos ouvi a minha voz interior, aquela que nos faz companhia quando estamos sozinhos, a dizer coisas que me faziam sentir bem. Essa voz de tom suave e agradavel naquele preciso momento tocou-me na alma. Era como um guia e eu pude refletir e clarear os meus pensamentos. Estava confortável e bastante calmo. Foi então que percebi que essa voz era a minha intuição. A intuição para quem não sabe, é um acúmulo das nossas memórias quer sejam experiências, quer sejam sentimentos, que se relacionam através de processos sensoriais e de uma comunicação afectiva para nos ajudar a orientar e compreender algo que não sabemos, isto é, são processos que ligam a nossa racionalidade às nossas emoções através da empatia e que gera informações sempre positivas para lidarmos com o nosso dia-a-dia. Lembro me que das primeiras vezes que tentei aperfeiçoar a minha intuição, foi com a ajuda de uma grande amiga minha ligada à cristaloterapia, a Blue Sky e disse-me para eu fazer meditação. Ela orientou-me detalhadamente no meu desenvolvimento pessoal e espiritual e aconselhou-me para fazer todos os dias. Este tipo de meditação é definida por visualização criativa onde somos desafiados a olhar para o nosso interior e questionar aspectos cruciais para assim resolver questões sobre nós mesmos. Foi então que começei a avaliar todas as experiências que me tinham ocorrido quando estava irritado. "O que estou a sentir agora? Que nome dou a esta emoção? Qual é a situação que está a causar esta emoção? Qual é o meu pensamento sobre esta situação? De que maneira estou a agir por causa desta emoção? Que impacto tem este comportamento (comigo, nos outros, na minha vida)?" Foram perguntas que eu próprio fiz para compreender aquilo que eu sentia. Até dizia a famosa frase "Como é que eu não entendia isto?" Tinha começado a compreender que os meus comportamentos eram uma reflexão daquilo que eu sentia.Tudo o que podia pensar tinha efeito sobre aquilo que eu sentia e vice-versa. Tinha a noção que os meus sentimentos podiam controlar-me assim como os meus pensamentos podiam tomar posse das minhas emoções. Aprendi então o que era estar consciente emocional e que podia perfeitamente controlar os meus impulsos e os meus comportamentos apenas por racionalizar o que sentia e pensava, isto é, observar, analisar e compreender as minhas emoções, distinguir os meus sentimentos dos meus pensamentos e que consequências traziam para os outros.
São práticas imprescindíveis para utilizar e desenvolver esta competência emocional pois cada vez mais precisamos de competências pessoais para lidar com a adaptabilidade empresarial. A intuição aliada à consciência e à empatia torna-se um factor essencial para conseguirmos aprefeiçoar a nossa maneira de agir para adaptarmos às varias culturas organizacionais pois gera uma energia positiva e dessa energia, ganha-se motivação para trabalhar com mais harmonia e cooperação.
Com Luz e Amor
Jonas Ferreira
A Sociedade do Espetáculo é uma obra do filósofo francês Guy Debord que retrata a sociedade dos dias modernos. Ele critica a forma como a sociedade é induzida a preferir a imagem e a teatralidade à própria realidade. Para Debord, essas necessidades induzidas contaminaram a nossa experiência quotidiana, levando-nos a negar quem realmente somos, os nossos verdadeiros valores e as nossas próprias vivências. A sociedade virou uma concentração de espetáculos individuais e coletivos onde tudo é vivido em representação perante os outros. Partilhar estados, imagens, "gostos" nas mais diversas plataformas online, como o Facebook, Tweet, Instagram são os novos palcos da atualidade e as plateias moldaram-se onde a encenação virou necessidade. Ele afirma que a nossa sociedade está submersa pelas orientações das necessidades dos outros e não pelos nossos próprios valores.
Debord compreendia que a verdadeira união das relações pessoais foi substituída por uma identificação passiva com a posição de espectatores recíprocos, isto é, alimentam-se de interesses mutúos onde o narcisismo e a necessidade de aceitação são constantes. As pessoas tornam-se intimamente mais inseguras, e portanto mais fragilizadas e a partir dessas fraquezas, as tornava mais influencíaveis e facilmente manobráveis. Com todas estas intermediações nas relações entre a imagem e a necessidade de moldar os sentimentos, as pessoas renunciam qualquer tentativa de reconhecer e compreender os aspectos difíceis e desafiadores das verdadeiras relações humanas.
O livro é gratuito e podem fazer o download aqui: A Sociedade do Espectáculo